CAUSAS PARA O COLAPSO DA URSS [2/3]
Anterior...A economia soviética era uma economia de paradoxos e até mesmo de absurdos. Na economia soviética, o crescimento da produtividade do trabalho em uma empresa individual era acompanhado por uma diminuição das forças produtivas sociais. O aumento das forças produtivas do trabalho social leva a uma diminuição do valor, que é a base para preços mais baixos; entretanto, na economia soviética, o aumento dos preços levou a um aumento da produtividade do trabalho. Infelizmente, a produtividade do trabalho e as forças produtivas do trabalho são conceitos diferentes.
A economia soviética podia fornecer casacos para os botões; essa economia podia criar valor total de produção sem aumentar, e às vezes até diminuir, a quantidade produzida. E há muitos paradoxos desse tipo que podem ser apontados. Todos eles começaram na década de 1920, ou seja, junto com a formação da planificação soviética.
Com o passar dos anos, os volumes de produção cresceram e, ao mesmo tempo, o volume de produção total inflado às custas da produção com uso intensivo de materiais também cresceu. Os planos executados dessa forma serviram de base para os planos do período seguinte. Em resumo, conforme se avança, mais caótico fica.
Portanto, quando a Perestroika ocorreu, uma crise da planificação soviética já havia se formado. Se tornou impossível continuar a planejar dessa forma, mas o Gosplan não tinha outra maneira de desenvolver planos. Se você removesse a forma-mercadoria dos produtos do trabalho, o Gosplan sucumbiria drasticamente; não havia nenhuma noção de como planejar sem dinheiro. Afinal de contas, tudo era contado em dinheiro.
Mas o mais importante é que a economia soviética não se mostrou disposta a adotar os avanços da ciência em grande escala. Sim, muito se conquistou em termos espaciais, energia nuclear e ciência, mas muitos desenvolvimentos científicos não foram implementados na produção porque sua aplicação levou a uma diminuição da produção em termos monetários. Os desenvolvedores de novos equipamentos geralmente criavam máquinas para tornar mais lucrativo o cumprimento dos planos de produção total, de modo que os preços das máquinas subiam muito mais rápido do que o efeito útil de sua implementação. Houveram até casos em que o preço subiu e o desempenho do novo equipamento acabou sendo inferior ao do antigo.
Portanto, o modo de produção soviético, infelizmente, não pode ser chamado de progressivo. Com base na produção de mercadorias, a grande indústria só pode se desenvolver na forma capitalista.
Portanto, não houve recuo de um método mais avançado para um menos avançado; e o exemplo da impossibilidade de retroceder do capitalismo para o feudalismo não tem nada a ver com o passado soviético. Toda nova forma derrota o antigo modo de produção ao criar forças produtivas de trabalho mais elevadas. As relações de produção soviéticas não conseguiam fazer isso. A sociedade soviética podia inventar e produzir, mas tinha muita dificuldade para implementar a produção em massa.
E mais uma observação sobre os instrumentos de trabalho. Reconheço que as épocas diferem umas das outras não no que produzem, mas em COMO produzem. E isso depende dos instrumentos de trabalho. No entanto, é difícil concordar com isso nesse caso. Até mesmo a formação de relações burguesas nas profundezas do feudalismo inicialmente dependia inteiramente dos mesmos instrumentos de trabalho usados pelos artesãos. A burguesia mudou a forma como as forças produtivas são organizadas, o que também inclui os trabalhadores. O processo de trabalho individual foi substituído por um processo coletivo baseado na divisão do trabalho e somente isso levou ao crescimento das forças produtivas.
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