SOBRE A REVOLUÇÃO NO ELO MAIS FRACO DO IMPERIALISMO
Resposta ao questionamento de Luiz Felipe no chat dos falantes de português
Não tenho conhecimento pra falar sobre todos esses países mencionados, mas posso ressaltar algumas coisas. A Letônia, a Lituânia e a Estônia foram simplesmente anexadas à União Soviética nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, e a Eslováquia fazia parte da Tchecoslováquia. Nos países europeus, o socialismo foi estabelecido depois da guerra sob pressão da liderança soviética, quando o ocidente começou a criar a Alemanha Ocidental. É verdade que nesses países prevaleceu principalmente a produção agrícola, exceto na Tchecoslováquia. Mas tinha indústria nesses países também, e indústria de grande porte, não produção manufatureira, então já havia um processo social de trabalho. Marx considerava a produção agrícola, na qual se empregam máquinas e desenvolvimentos agronômicos, como produção industrial capitalista. Não posso dizer mais que isso.
Mas eu sei que esse não é o ponto principal. Respondendo a sua pergunta, as revoluções ocorrem onde quer que surja uma situação revolucionária, e ela surge onde todas as contradições do modo de produção existente se agravam de forma drástica, quando os governos desses países não são apoiados nem mesmo pela burguesia nacional, quando a classe dominante não pode mais governar de uma maneira antiga e a classe trabalhadora não quer mais se submeter às ordens da classe dominante, assim, ao mesmo tempo, as massas do povo entram em movimento.
Nesses períodos históricos, isso não significa necessariamente que a classe trabalhadora toda vai fazer fila pra apoiar a revolução e que a burguesia vai ficar acuada. Na verdade as massas não querem nenhuma mudança drástica, elas só querem que seus interesses sejam atendidos. Como a burguesia vai resolver essa crise política resultante? Substituindo o governo por diferentes partidos burgueses. Então, as massas vão ser levadas a apoiar vários partidos da burguesia no país até elas se desiludirem com todos eles. Só depois disso vão dar maior importância às organizações comunistas.
Caso haja um partido bem organizado e ideologicamente coeso no país, que critique duramente as ações dos partidos burgueses e apresente suas próprias propostas para resolver os problemas, esse partido poderá chegar ao poder, mesmo quando as forças produtivas ainda não estiverem suficientemente desenvolvidas para que o novo modo de produção tenha lugar. E então, como o Engels escreveu, a liderança do partido tem que fazer o que a burguesia teve que fazer. Nesse caso existe uma dificuldade: as declarações desse partido no período da situação revolucionária, não podem necessariamente ser realizadas, tendo em vista o estado das forças produtivas e da proporção de classes na sociedade. E o que ele vai ser obrigado a fazer por conta do que diz, contradiz suas declarações.
Isso não é inteiramente um erro, se o partido se recusa a lutar, ele se transforma em um partido de discurso, de retórica, que tem medo dos desafios da história e aí perde autoridade nas massas. Então, é uma questão difícil: lutar até o fim ou perder a credibilidade. A história do movimento comunista agora conhece ambos os casos
Ivan Potapenkov