COZINHEIRO DE FAST FOOD DO CAZAQUISTÃO [Parte 2\2]Ler do começo...Quanto a suas opiniões, ele se inclina para o liberalismo e se considera apolítico, desde que não seja questionado sobre isso. Nós perguntamos a ele o que ele pensaria caso as empresas fossem de propriedade de todos os trabalhadores, ele respondeu assim: “Isso impossível, alguém sempre vai querer mandar”. Mas ele é favorável à ideia de que todos recebam da sociedade a quantidade de benefícios correspondente ao tempo em que trabalharam em uma determinada área de produção. Ele também é favorável à eliminação das fronteiras nacionais e que todos possam viver, trabalhar e viajar de forma livre pelo mundo todo. Ele se opõe fortemente quanto a guerras entre países e povos, e disse que os políticos que iniciam os conflitos deveriam apenas lutar entre si, deixando o povo fora desses conflitos.
Perguntamos se ele concorda que todas as pessoas fisicamente aptas e com capacidades iguais deveriam trabalhar na produção material, digamos que por uma semana no mês, e no restante do tempo ter a oportunidade de se dedicar à ciência, à arte e à administração. Ele respondeu que era necessário levar em conta a predisposição de alguns para o trabalho físico e de outros para o intelectual, porque dessa forma todos poderiam fazer mais e ter um desempenho melhor. Ele mesmo gostaria de trabalhar como técnico em um clube de informática, além de viajar e pintar um quadro “foda”. Ele considera que a coisa mais importante na sua vida é garantir um bom futuro para seus filhos e netos.
Esse trabalhador aparentemente nunca se interessou por economia política e não tem conhecimento de nenhuma ideia marxista. Ele não acredita que os governos atuais pensem no povo, e as opiniões dele podem ser consideradas internacionalistas e bem tolerantes ao comunismo.
No nosso questionário, existe a seguinte pergunta: “Como melhorar a vida dos trabalhadores?”. A resposta dele foi que tudo depende da educação da família e que os trabalhadores têm que reivindicar uma vida melhor. Nesse sentido, podemos dizer que as visões idealistas não são totalmente desconhecidas para ele.
A seguinte história do seu passado também é interessante: após constantes reclamações de clientes, vários cozinheiros entraram em greve, e nosso trabalhador entrevistado foi trabalhar no lugar deles. Consequentemente, os grevistas tiveram que se desculpar e começar a trabalhar novamente. De acordo com ele, esses cozinheiros “fizeram merda”, combinaram de não ir trabalhar e não atender ao telefone para poder pressionar os chefes. No entanto, sua pelegagem (ato de furar a greve) imediatamente interrompeu o protesto, que não durou três dias.
Essa entrevista foi apenas o início de uma grande pesquisa social sobre a situação de vida e as opiniões dos trabalhadores no mundo todo. Queremos dar voz aos próprios trabalhadores e mostrar a eles que compartilham interesses em comum. Mas ainda temos um longo caminho pela frente para conectar o marxismo ao movimento dos trabalhadores.